A reconciliação

Naquela manhã ela sentia-se diferente. Como se o mundo estivesse recheado do melhor sabor e seus sentidos aguçassem para degustá-lo. Olhava tudo e via o mais belo florescendo. Descobrira que rir é, não só o melhor remédio, é a melhor vacina. Previne dores crônicas, liberta males antigos que se patologizariam ao longo do tempo, potencializa a imunidade para combater a desesperança. E foi entre risos que ela viu voltar um sonho, antigo, de menina que ela acreditara não mais ser. Para seu espanto estava enganada, pois a menina não havia parado de acreditar, apenas não era escutada, pelo barulho estonteante da dita maturidade.

Reconciliavam-se então. A menina, que almejava ser mulher, e a mulher, que se esquecera como é bom sonhar. Davam-se uma nova chance de existir sem anular, de amar sem dominar, de brilhar sem sobrepor. Achavam pouco a pouco o tom. Que era só delas, que eram só uma: aquela que voltava a acreditar no amor.


Por Rafaelle Melo.

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